Com a propagação do novo coronavírus, os campeonatos de poker presenciais precisaram ser adiados para respeitar os protocolos de saúde pública.
Como aconteceu com a NBA, a NHL e a MLS, a World Series of Pôquer, realizada no cassino Caesars Entertainment, foi forçada a suspender a competição presencial e migrou para o formato online neste ano. No entanto, esse processo de transição teve alguns obstáculos.
Na primeira parte, os competidores necessitavam chegar a um dos dois estados americanos autorizados. E, se tivessem a intenção de jogar por premiações elevadas, precisavam sair do país. A opção pela migração para o modelo virtual também esbarrou em problemas tecnológicos.
O evento de poker iniciou no mês de julho a partir de um software da WSOP. Cerca de 40 mil pessoas aderiram e tiveram que apresentar documentação de identidade e comprovantes de residência.
Ainda assim, os participantes eram forçados a estar, conforme determinação dos aplicativos de geolocalizaçao, em Nova Jersey e Nevada, onde Caesars possui licença para operar apostas online. “Uma opção viável em ambas as costas”, segundo Ty Stewart, diretor executivo da WSOP.
Lançado em 2017, o GGPôquer tem a sua base na Irlanda e no Canadá e conta com liberação legal para promover apostas em Curacao, Malta e Reino Unido.
Além disso, arcou com uma quantia de licenciamento junto ao WSOP para hospedar o campeonato. Sendo assim, cerca de 170 mil jogadores puderam ingressar em torneios internacionais a partir de agosto.
Questões técnicas e legais limitam adesão de jogadores aos torneios de poker online
No entanto, muitos competidores ficaram de fora porque não quiseram viajar por conta da pandemia. O Canadá, como diversas nações, está impondo condições para a entrada de norte-americanos em função da alta quantidade de casos confirmados no país.
Algumas regiões do México até recebem americanos, mas somente por avião. Por isso, alguns jogadores de poker famosos, como Negreanu, Phil Hemuth, Maria Ho e o blogueiro Brad Owen pegaram um avião para Cabo San Lucas, no México.
Se deslocar para outros locais do mundo para disputar campeonatos de poker não é algo incomum, mas jogar diante de uma tela é relativamente novo para muitos profissionais. A partida online e, não em uma sala na companhia dos adversários, se torna um desafio e até oportuniza o surgimento de novos modelos de trapaças.
Além disso, diversos competidores ficaram frustrados com a questão dos Estados Unidos ainda não terem liberado o poker na esfera federal. Nas redes sociais, jogadores sem condição financeira para viajar para fora do país cogitaram utilizar redes privadas virtuais (VPN), visando driblar as questões de geolocalização.
No entanto, a ação é considerada arriscada e pode levar até ao confisco dos prêmios obtidos nos campeonatos em caso de descoberta da “manobra”.
“A lei dos Estados Unidos é burra, é estúpida. Eu não me importo de qual sofá você está jogando. A demanda é enorme. O poker é um jogo de habilidade. Quando houver mais medidas no sentido da legalização, não precisaremos rodar o globo para sentar na frente de um computador”, criticou Faraz Jaka, jogador profissional de poker.