Gestor do Náutico-RR registra BO contra própria equipe por suspeita de manipulação de resultados após goleada na Série D do Brasileiro

A regulamentação das apostas esportivas no Brasil poderia ajudar a coibir as regularidades, bem como proteger a integridade esportiva.

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Gestor do Náutico-RR registra BO contra própria equipe por suspeita de manipulação de resultado após goleada na Série D do Brasileiro
Foto: Lucas Figueiredo / CBF

Depois da equipe tomar a maior goleada da Série D do Brasileirão 2022, o gestor de futebol Marcelo Pereira buscou a polícia para fazer um Boletim de Ocorrência (BO) pedindo investigação contra jogadores do próprio clube devido à suspeita de terem vendido o jogo na derrota por 10 x 2 contra o Trem, do Amapá, nesta segunda-feira, 6.

“Fiz o boletim de ocorrência para me precaver. Eu não tenho nada a ver com manipulação de resultados. Não sei se deu um apagão, não estavam com vontade de jogar, os gols saíram naturalmente. Vi ali muito corpo mole. Vou pedir à CBF para investigar esse jogo. Foi esculacho, a gente fica triste porque procuramos fazer o futebol certo, mas olha aí o que acontece”, afirmou Pereira.

Último colocado da Chave 1, o Náutico-RR se deslocou até o Amapá para encarar o Trem pela oitava rodada da quarta divisão nacional, visando a primeira vitória. A equipe possui a segunda pior campanha no campeonato que conta com 64 equipes e a pior defesa: foram 32 gols tomados em oito confrontos, média de quatro gols por partidas até então.

Conforme matéria do Globo Esporte, o dirigente se defendeu de acusações nas mídias sociais de que estaria envolvido em uma suposta manipulação de resultados por ser o atual gestor. “Fiz o boletim pra me precaver. A gente fica, jogador vem e vai. Quem não deve não teme. Muita gente pensa, julga a gente sem pensar ou falar”, declarou.

Jogador do Trem comemora gol em cima do Náutico-RR, pela Série D. Foto: Facebook / Trem-Amapá

Pedido de apuração de suposta manipulação de resultados na Série D

Ainda em entrevista ao GE, Marcelo Pereira assegurou que enviará uma solicitação à Confederação Brasileira de Futebol (CBF) para que ocorra uma investigação referente ao jogo.

“Vou encaminhar à CBF (o boletim) e pedir para investigar esse jogo e os outros jogos também que teve resultado negativo. Não que todo jogo que a gente perdeu foi venda de jogo, não, mas esse foi muito escrachado pelo resultado. Eles têm que investigar, quebra de sigilo telefônico, conta bancária, tem que investigar, porque a gente procura fazer o futebol certo, mas olha aí o que acontece”.

Mas, essa não é a primeira goleada sofrida pela equipe de Roraima na competição O time foi derrotado por 5 a 1, diante do São Raimundo (AM), na sexta rodada. Depois da partida, Pereira foi até uma delegacia em Manaus para fazer um BO contra diversos atletas do Náutico-RR, alegando que aconteceu uma possível manipulação, com a ‘venda da partida’ pelos jogadores da própria equipe, em 21 de maio.

“Tive que fazer outro boletim já para me precaver, porque eu não tenho nada a ver. Já fiz uma vez lá em Manaus. Dessa vez foi pior, foi dobrado o resultado (derrota para o Trem por 10 a 2). São tantas coisas que a gente fica desconfiado. Essas apostas (esportivas) mudaram um pouco o futebol. Eu tô com minha consciência tranquila. Dessa vez o boletim é contra todos (os jogadores que atuaram), porque eu não posso apontar alguém. No outro jogo eu suspeito de alguns atletas, dessa vez não”, explicou.

Depois desta goleada para o time amazonense, o dirigente resolveu afastar e até dispensar vários atletas. Todavia, o gestor não apontou nomes e tampouco se os atletas dispensados poderiam ter envolvimento com os casos.

“A gente trocou muitos atletas. Também tinha muito menino ali que pouco jogou, ou se jogou só categoria de base. Ainda temos jogos, como o São Raimundo em Roraima. Vou liberar mais esses atletas, e aí a gente se sacrifica de novo, faz dívida, pega emprestado, mas a gente não fica sujeito a esse tipo de coisa não”, concluiu Pereira.

Regulamentação de apostas esportivas poderia coibir irregularidades

Atualmente, o Brasil não conta com uma regulamentação definida para o mercado de apostas esportivas. A aprovação de normas específicas para essa prática segue em debate no Governo Federal, mas ajudaria a coibir e punir esse tipo de irregularidade. Além disso, a regulamentação da indústria de apostas esportivas também serviria para determinar mecanismos visando proteger ainda mais a integridade esportiva.