Durante o depoimento à CPI da Manipulação de Jogos e Apostas Esportivas nesta segunda-feira (29), representantes da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) reiteraram o compromisso da entidade em assegurar a integridade do futebol nacional.
O diretor de Competições da CBF, Júlio Avellar, enfatizou os desafios apresentados pelo crescente mercado de apostas sem regulação, ressaltando os riscos que isso acarreta para o esporte e para a economia.
Ele delineou uma série de iniciativas em curso pela CBF em parceria com entidades como a FIFA e a Conmebol, visando mitigar esses riscos e promover a profissionalização do futebol brasileiro.
Avellar destacou que a CBF tem liderado esforços globais contra a manipulação de resultados, contando com apoio internacional para suas mais de 100 iniciativas.
Uma das estratégias mencionadas por Avellar é a adesão do Brasil à Convenção de Macolin. Essa convenção é um marco jurídico internacional para combater a manipulação de resultados esportivos.
Ele ressaltou a importância dessa adesão como parte de uma estratégia nacional integrada nesse sentido. O dirigente ainda destacou o papel fundamental da convenção nesse combate.
Além disso, Avellar sugeriu parcerias com organizações internacionais, como o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC). O objetivo é implementar programas de combate à corrupção no esporte, como o Programa Global de Salvaguarda do Esporte contra a Corrupção e o Crime.
VAR e IA são mencionados durante sessão da CPI da manipulação de resultados
Conforme Avellar, a CBF vem registrando um declínio de casos suspeitos no futebol nacional. Em 2022, foram 139 casos, envolvendo várias competições e divisões. No ano passado, foram 110. Já neste ano, foram 15 situações suspeitas.
De acordo com o diretor, essa diminuição decorre de medidas de monitoramento e punições mais severas, seja na esfera esportiva ou penal.
Romário questionou se o VAR (vídeo auxiliar da arbitragem) poderia identificar suspeitas de manipulação. Em resposta, Júlio Avellar afirmou que a CBF usa a metodologia de desvio padrão.
Ele admitiu que a inteligência artificial (IA) poderá ser utilizada no futuro, mas disse desconhecer o uso do VAR pela IA em algum campeonato oficial. “A CBF está disposta a usar qualquer ferramenta que possa ser utilizada no combate à manipulação de resultados”, respondeu.
Também em resposta a Romário, o diretor Eduardo Gussem disse que a CBF firmou convênio com a Polícia Federal e com o Ministério da Justiça para desenvolver o passaporte do atleta. Documento em que a CBF registra informações específicas sigilosas sobre o atleta e passa a autoridades públicas em casos suspeitos.
Gussem afirmou que, no caso de suspeita de envolvimento de algum jogador com manipulação de resultados, a CBF analisa o conjunto probatório e encaminha o material às autoridades, que por sua vez vão conduzir as investigações.
“Trabalhar é nossa obrigação, até porque cada dia aparece uma novidade do assunto desta CPI”, concluiu Kajuru, que convocou uma nova reunião da comissão para a próximo dia 13, para ouvir o ex-árbitro Glauber Cunha.