Dos 20 clubes da Série A do Brasileirão, apenas três deles (Corinthians, Palmeiras e Cuiabá) não são patrocinados por casas de apostas. Mas esse número está prestes a cair, pois o Corinthians negocia com a Parimatch, que já investe no Botafogo.
Anualmente, os sites de apostas investem R$ 497,5 milhões nos 17 clubes da Série A dos quais são parceiros.
O impacto das casas de apostas
O Esportes da Sorte lidera em número de patrocinadores na Série A, apoiando Athletico-PR, Bahia e Grêmio. Além disso, a empresa investe no time feminino do Palmeiras e em publicidade no Allianz Parque.
A empresa desembolsou R$ 20 milhões para se tornar patrocinadora máster da camisa feminina do Palmeiras e pretende expandir o patrocínio para o time masculino no próximo ano.
“É inegável a visibilidade que o futebol e os grandes campeonatos trazem para uma marca”, afirma Sofia Aldin, diretora de marketing do Grupo Esportes da Sorte. Ela ressalta que as parcerias são feitas com times que “se alinham completamente” à empresa.
Vinícius Nogueira, CEO da BETesporte, compartilha do mesmo pensamento. A empresa patrocina clubes como Aparecidense, Goiás, Ypiranga-RS e Caxias. “Nosso objetivo vai além do retorno financeiro que a parceria pode gerar. Acreditamos que seja um meio de nos aproximarmos daquela torcida, comunidade e região”, explica.
Investimentos Inflacionados
Algumas casas de apostas evitam investir em times da Série A devido aos valores inflacionados. O maior exemplo é a VaideBet, que pagou R$ 360 milhões ao Corinthians, no maior contrato da história do futebol brasileiro. No entanto, o acordo foi rompido após cinco meses devido a pagamentos controversos.
“Tudo depende da estratégia, do apetite de mercado e do momento da empresa”, comenta Sofia Aldin. Ela destaca que, enquanto algumas empresas veem sentido no investimento no futebol, para outras, a realidade pode ser diferente.
Com a regulamentação do setor de apostas esportivas, algumas empresas planejam voltar a investir nos principais clubes do país. O Galera.bet, por exemplo, que já patrocinou o Corinthians e foi patrocinador máster do Brasileirão, espera pela regularização para decidir seus próximos passos.
Conforme Marcos Sabiá, CEO do Galera.bet, o setor está repleto de operadores “ávidos por um quinhão da atenção do espectador de futebol”. “Isso inflacionou os valores, descolando-os de uma análise mais atenta e racional sobre o retorno e propósito desse investimento”.
Futuro do patrocínio das casas de apostas no Brasileirão
O setor foi regulamentado após a aprovação da lei pelo Congresso no fim do ano passado. A lei, sancionada em 29 de dezembro pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, estabelece critérios sobre tributação e normas para a exploração comercial das apostas de quota fixa.
O governo adiou as regras que deveriam começar a valer no fim do primeiro semestre. A regulamentação deve ser concluída apenas no ano que vem.
Assim, para se ter uma licença no Brasil, as casas de apostas terão que cumprir exigências do Ministério da Fazenda. As casas de apostas precisam pagar uma outorga de até R$ 30 milhões, entre outras exigências.
Dessa forma, para os especialistas, somente por causa dessa exigência, acredita-se que diminuirá o número de casas de apostas no mercado. Assim, com menos concorrentes, consequentemente, os valores de publicidade podem diminuir.
“Percebemos que as camisas dos clubes valorizaram bastante nos últimos anos, principalmente pela chegada incessante de empresas da indústria de apostas ao mercado brasileiro”, comenta Anderson Nunes, diretor de negócios da Casa de Apostas.
Assim, a empresa, que dá nome a dois estádios no Brasil, a Arena Fonte Nova e a Arena das Dunas, pagará R$ 52 milhões pelos próximos quatro anos pelos naming rights da Fonte Nova e R$ 6 milhões para a Arena das Dunas.
Valores dos patrocínios
Os valores que as casas de apostas pagam aos clubes da Série A do Brasileirão são significativos:
- Flamengo – Pixbet – R$ 105 milhões
- Vasco – Betfair – R$ 70 milhões
- Fluminense – Superbet – R$ 52 milhões
- São Paulo – Superbet – R$ 52 milhões
- Botafogo – Parimatch – R$ 27,5 milhões
- Cruzeiro – Betfair – R$ 25 milhões
- Grêmio – Esportes da Sorte – R$ 25 milhões
- Internacional – EstrelaBet – R$ 24 milhões
- Fortaleza – Novibet – R$ 20 milhões
- Bahia – Esportes da Sorte – R$ 19 milhões
- Atlético-MG – Betano – R$ 18 milhões
- Athletico-PR – Esportes da Sorte – R$ 16,5 milhões
- Juventude – Stake – R$ 15 milhões
- Atlético-GO – Blaze – R$ 14 milhões
- Criciúma – EstrelaBet – R$ 6 milhões
- Bragantino – mrJack.bet – R$ 5 milhões
- Vitória – Betsat – R$ 3,6 milhões
Portanto, as casas de apostas estão profundamente integradas ao futebol brasileiro, mas a regulamentação do setor promete trazer mudanças significativas.