Restrição de publicidade de apostas preocupa emissoras de TV no Brasil

Três das cinco maiores emissoras do país acompanham atentamente o caso.

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Foto: Geraldo Magela/Agência Senado

A proposta do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, de restringir a publicidade de casas de apostas esportivas nas emissoras de televisão aberta gerou preocupação em pelo menos três das cinco maiores redes do país.

A Record, a Band e a RedeTV! são as mais impactadas pela medida, já que possuem parcerias significativas com empresas de apostas, e dependem dos valores pagos para viabilizar a transmissão de programas e eventos esportivos.

Impacto financeiro nas emissoras de TV com possíveis restrições relacionadas a apostas

A Record está entre as mais afetadas. Uma casa de apostas patrocina programas de destaque na emissora, como o reality show A Fazenda 16 e a transmissão de eventos esportivos, incluindo jogos de futebol.

Por outro lado, executivos da Band e da RedeTV! afirmam que a proposta de Haddad pode inviabilizar financeiramente a transmissão de eventos esportivos.

De acordo com os executivos, as bets são atualmente as únicas empresas que pagam valores suficientes para garantir lucro com os direitos de transmissão.

Sem esses recursos, a viabilidade de tais eventos estaria em risco, especialmente considerando os altos custos envolvidos na transmissão ao vivo.

Posicionamento da Globo

A Globo, maior emissora de televisão do Brasil, observa o desenvolvimento da situação com cautela. Embora também tenha contratos com casas de apostas para patrocínio de eventos como o Campeonato Brasileiro e reality shows como o Big Brother Brasil, a emissora ainda espera por maiores definições do governo antes de tomar qualquer atitude.

A preocupação da Globo está fundamentada em dados que indicam uma participação relativamente pequena das bets na publicidade geral da TV aberta. Um estudo da Tunad, plataforma de monitoramento de campanhas publicitárias, revelou que, entre janeiro e julho deste ano, as bets representaram apenas 3% do total de anúncios na TV.

No entanto, esse percentual aumenta significativamente em intervalos de programas esportivos. Consequentemente, chega a representar 30% da publicidade. Ou seja, em eventos ligados ao esporte, metade dos comerciais são de casas de apostas.

Discussão no Governo e expectativas

O ministro Fernando Haddad destacou a urgência de medidas para limitar o que ele descreveu como “assédio televisivo”. “A gente entende que é urgente uma tomada de providências para evitar esse assédio televisivo, de meio de comunicação”, afirmou o ministro.

Representantes do Conar (Conselho de Autorregulamentação Publicitária), da Abert (Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão) e da AIR (Associação Internacional de Radiodifusão) debateram a proposta em uma reunião.

Durante o encontro, foi acordado que apenas as empresas de autorizadas pelo Ministério da Fazenda poderão veicular anúncios nas emissoras brasileiras.

Flávio de Lara Resende, presidente da Abert, reafirmou o compromisso das emissoras em seguir essa diretriz. “Não faremos em nenhuma hipótese publicidade de empresas que não sejam regulares”, garantiu Resende.