A Las Vegas Sands (LVS) optou por não disputar a licença para instalar um cassino em Nova York. A decisão aconteceu mesmo com a empresa destacando o potencial do Nassau Coliseum, em Long Island.
O principal motivo, de acordo com a companhia, foi a ameaça de canibalização pelos jogos online, considerada insustentável pelos executivos da casa. Durante as duas últimas teleconferências de resultados, alertas já haviam sido feitos sobre o risco de a legalização dos jogos online prejudicar o plano.
A empresa confirmou em comunicado: “A Sands decidiu não concorrer a uma licença de cassino em Nova York”.
Sobre o capital, a LVS declarou que prefere recomprar ações próprias e da Sands China. No primeiro trimestre, a empresa informou a recompra de US$ 450 milhões em ações, como mostrou o relatório divulgado.
O plano para Nova York incluía um resort integrado avaliado em US$ 4 bilhões, com várias comodidades. A LVS havia conseguido, em julho passado, um contrato de arrendamento de 42 anos para o local, após um contrato anterior de 99 anos ser contestado judicialmente pela Universidade Hofstra, principal opositora do projeto.
Próximos passos para o projeto de cassino da Las Vegas Sans
A empresa tenta transferir a proposta para outra parte que possa “atender aos mercados físico e digital em Nova York”. Isso chama atenção, pois as grandes operadoras norte-americanas já têm projetos próprios ou parceiras estabelecidas.
Se não houver acordo sobre o futuro da propriedade, a empresa afirmou: “Trabalhará com o Condado de Nassau e outras partes para tentar garantir que o desenvolvimento seja consistente com a visão de longo prazo do Condado de Nassau para o local”.
O Condado informou, por meio de comunicado, que decidirá em até 30 dias se aceitará um componente de cassino ou se pretende desenvolver o local sem essa estrutura.
Este é o segundo caso recente de desistência formal. Em 10 de abril, a Hudson’s Bay Co., que pretendia erguer um cassino no prédio principal da loja Sak’s, na Quinta Avenida, também retirou sua proposta.
Incertezas com os jogos eletrônicos
No estado de Nova York, a questão dos jogos eletrônicos ainda desperta especulação. Legisladores preferem aguardar o andamento dos trâmites para cassinos no interior antes de discutir a legalização dos jogos online. O prazo para a entrega de propostas termina em 27 de junho, com as licenças previstas até o fim do ano.
No cenário americano, o igaming parou de avançar. Desde 2023, com a aprovação em Rhode Island, nenhum novo mercado foi aberto. Apesar disso, mercados próximos, como Nova Jersey, Pensilvânia e Michigan, alcançaram recordes de receita em março.
O CEO Rob Goldstein, em janeiro, declarou: “Os resultados vindos dos estados vizinhos de Nova Jersey ou Pensilvânia, ou de tão distantes quanto Michigan, reforçam essa preocupação com o impacto do igaming.
Então você fez e respondeu à pergunta: ótimo mercado, gostamos de estar lá. A ressalva é como lidar com a ameaça contínua, que me parece inevitável em muitos estados, especialmente por envolver propriedades físicas aliadas às apostas esportivas.
Não sei porque não teríamos igaming em algum momento no futuro. Então, essa é a nossa preocupação ao analisarmos esse mercado.”
Saída do projeto em Nova York torna incerto o futuro da Las Vegas Sands nos EUA
A saída do projeto de Nova York torna incerto o futuro da Las Vegas Sands nos EUA. Após vender o Venetian-Palazzo por US$ 6,25 bilhões, a empresa mantém operações apenas em Macau e Singapura.
Ainda assim, nos últimos meses, a companhia atuou em frentes importantes no país. Além do plano para Nova York, concentrou esforços para viabilizar cassinos no Texas.
Miriam Adelson, acionista majoritária, liderou a mobilização. Foram investidos mais de US$ 13 milhões em lobby no Texas nesta legislatura, comparados aos US$ 3,3 milhões aplicados na anterior.
Porém, todas as tentações de legalizar cassinos e apostas esportivas no estado fracassaram. O clima político desfavorável aumentou após escândalos envolvendo loterias. A empresa propôs, à época, um empreendimento de uso misto focado em cassino em Irving, perto de Dallas, pois a família Adelson é dona do time Dallas Mavericks.
Havia especulações sobre uma mudança da equipe para uma arena no novo local, antigo Estádio Texas do Dallas Cowboys. Entretanto, a rejeição pública fez a empresa retirar a ideia do cassino em sua proposta no mês passado.
Relação delicada com China
Adicionalmente, a Las Vegas Sands permanece vulnerável na China. Por operar exclusivamente na Ásia, com sede nos EUA, a companhia fica atrelada à relação entre os dois países.
O presidente e COO Patrick Dumont foi questionado sobre as tensões durante a teleconferência e afirmou: “Temos um relacionamento incrível com Pequim”, mas está “muito desanimado” com a forma como as coisas estão se desenrolando.
Ele acrescentou que, apesar de não perder o sono nesse momento, não acredita que essa situação entre EUA e China seja sustentável.
Recentemente, o governo Trump anunciou tarifas recíprocas contra outros parceiros comerciais. A China respondeu com tarifas próprias sobre produtos americanos.
Segundo a CNBC: A posição atual do governo Trump é de que haverá uma “redução” da guerra comercial em um “futuro muito próximo”.