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Regulamentação de apostas esportivas deve sair do papel via medida provisória

Regulamentação de apostas esportivas deve sair do papel via medida provisória

Regulamentação de apostas esportivas deve sair do papel via medida provisória . Foto: Marcelo Camargo / Agência Brasil

A regulamentação de apostas esportivas deve acontecer no Brasil. A lei 13.756, que permitiu as apostas de cota fixa (como são conhecidas as apostas esportivas), foi sancionada pelo então presidente Michel Temer e estipulava um prazo de dois anos (prorrogáveis por mais dois) para que houvesse a regulamentação do setor.

O tema ficou pendente durante os quatro anos de Jair Bolsonaro e não avançou. Agora, o Ministério da Fazenda está preparando a medida provisória para definir as normas de operação para as empresas deste mercado no território nacional.

Pontos da regulamentação de apostas esportivas no Brasil

De acordo com projeções da indústria, o segmento já movimenta R$ 150 bilhões por ano. Já as casas de apostas investiram em patrocínios e publicidade cerca de R$ 3 bilhões.

O governo federal espera por análises de consultorias para dimensionar com maior exatidão esses valores, que posicionam o Brasil como o segundo maior mercado do mundo, atrás apenas do Reino Unido.

Com a formalização da regulamentação de apostas esportivas, o Ministério da Fazenda acredita que entre 70 e 100 empresas entrem oficialmente no país. Hoje, não há uma estatística confiável sobre a quantidade de players que estão no país.

Um levantamento da Máquina do Esporte, que só considerou plataformas de apostas com versão em português, aponta a existência de 189 empresas. Plataformas com outros tipos de jogos, como cassino, bingo ou rifa online não entraram nessa pesquisa.

Dependendo dos critérios, o total de empresas atuando no país varia entre 400 e 500 players. Conforme outras fontes do mercado, o número seria entre 700 e 1.000 empresas.

Taxa de licença

Para atuar no Brasil, as empresas terão que pagar uma taxa de outorga. Segundo a Máquina do Esporte, o governo federal trabalha com um valor entre R$ 22 milhões e R$ 30 milhões por uma licença de cinco anos.

A intenção é que, nesse primeiro momento, a licença seja de cinco anos para que o governo possa acompanhar como se desenvolve o mercado legalizado. Caso sinta confiança para fornecer licenças mais longas, a renovação poderá ser por dez anos.

O valor de R$ 22 milhões é quanto propunha a minuta do decreto que o governo passado havia preparado, mas não foi assinada por Jair Bolsonaro. O atual governo entende que esse valor esteja defasado. Porém, a taxa máxima prevista, de R$ 30 milhões, é vista como alta por representantes do mercado.

“Se você não dá oportunidade para todo mundo se legalizar, o resultado é que boa parte da demanda não vai vir para o mercado regulado e não vai gerar imposto”, argumentou Luiz Felipe Maia, da Maia Yoshiyasu Advogados ao Máquina do Esporte.

Principais mercados

No exterior, as taxas costumam ser mais baixas. A única exceção é o Reino Unido. Maior mercado do mundo, as empresas chegam a pagar uma taxa anual que pode ser de £ 1.077.027 (R$ 6.883.420,56, na cotação atual), caso a plataforma de apostas movimente £ 1 bilhão ou mais (R$ 6,39 bilhões ou mais).

Se a empresa de apostas se enquadrar nesse nível, pagaria, em cinco anos, £ 5.385.135 (R$ 34.417.102,82), valor até acima do estudado para o Brasil. Nos Estados Unidos, a legislação de apostas é feita em nível estadual. Para atuar em vários estados, é necessário pagar taxas em cada mercado local.

Tributação

A tributação das casas de apostas seria parecido ao de uma empresa convencional. A legislação estabelece o pagamento de 0,10% da arrecadação das apostas feitas no meio físico e 0,05% no online. Há ainda o pagamento de PIS/Cofins de 9,25% e do Imposto Sobre Serviços (ISS), que pode variar de 2% a 5%, dependendo de onde a empresa se fixar.

“Isso dá mais ou menos 19%, o que está na média mundial. O problema é que, no Brasil, a tributação sobre o lucro é muito alta se comparado a outros países com legislação de apostas como Malta”, afirmou Maia.

Outra tributação incidirá sobre o apostador, que pagará imposto sobre a premiação que ganhar nas apostas. “Os mercados bem regulados no exterior, que têm as melhores práticas internacionais, não têm tributação sobre o apostador”, criticou Udo Seckelmann, head do departamento de Web3 & gaming do escritório Bichara e Motta.

Fiscalização

O dinheiro arrecadado com as taxas de outorga será destinado para criação de uma agência reguladora para o setor de apostas. Essa autarquia terá a responsabilidade de combater lavagem de dinheiro referente ao setor, investigar apostas fora do habitual e elaborar campanhas sobre jogo responsável.

Também caberá ao novo órgão regulador examinar a documentação das empresas que pedirem licença para atuar no Brasil.

Combate à ilegalidade

Quem não se adequar a regulamentação de apostas esportivas terá problemas para operar no Brasil. O Governo Federal pretende vetar que essas empresas adotem formas de pagamento mais comuns, como Pix e boleto bancário. Também haverá dificuldade para que o apostador receba seu prêmio em uma plataforma não legalizada no Brasil.

Outra iniciativa são campanhas de conscientização, já que o cliente que apostar em sites legalizados estará ajudando o clube de coração, que tem direito de receber parte do valor arrecadado.

Além disso, o crescimento da indústria nacional abrirá novos postos de trabalho. Atualmente, as casas de apostas realizam o trabalho do exterior. O Ministério da Fazenda ainda não possui uma estimativa de quantos empregos a regulamentação de apostas esportivas gerará em todo o país.

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