Cade abre processo contra a Caixa por práticas anticompetitivas em loterias online

O banco é acusado de impedir associações entre loterias e plataformas digitais de intermediação de jogos, segundo o Cade.

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Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Após quase dois anos de investigação, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) instaurou um processo administrativo contra a Caixa Econômica Federal (CEF) por causa de práticas alegadamente anticompetitivas no mercado de lotéricas.

De acordo com o processo, o banco teria adotado medidas para impedir que loterias se associassem a plataformas digitais de intermediação de jogos.

Início da investigação

A investigação começou em 2023, após uma denúncia da então Associação dos Intermediadores Digitais de Jogos Lotéricos (Aidiglot), hoje chamada Aigaming. A associação alegava que a Caixa e a Federação Brasileira das Empresas Lotéricas (Febralot) usaram medidas judiciais e administrativas para restringir a concorrência.

Entre as acusações estavam abuso de direito de petição, campanha difamatória anticompetitiva e obstrução ao mercado. No entanto, uma nota técnica do Cade descartou a acusação de sham litigation, termo que se refere ao ajuizamento de ações judiciais sem fundamento.


Apesar disso, os técnicos do órgão identificaram indícios de que a Caixa e a Febralot agiram de forma coordenada para limitar parcerias entre unidades lotéricas e plataformas digitais.

Segundo a análise, a Caixa e a Febralot teriam abusado de seus poderes regulamentares e de representação sindical. O objetivo seria impedir que as unidades lotéricas celebrassem contratos com plataformas de intermediação de jogos. Em outras palavras, as práticas buscavam dificultar o registro de apostas por meio dessas plataformas.

Um exemplo citado no processo é o descredenciamento de unidades lotéricas que registravam apostas em sites considerados ilegais. A análise do Cade concluiu que essas medidas não tinham justificativas econômicas válidas. Em vez disso, elas promoviam a limitação da concorrência e desestimulavam a inovação.

Além disso, a nota técnica destacou que a Caixa e a Febralot não se limitaram a influenciar as unidades lotéricas. Elas também enviaram ofícios a agentes privados que tinham parcerias com plataformas de intermediação. Essas ações teriam levado à rescisão de alguns contratos.

Supostas práticas anticompetitivas da Caixa

O documento concluiu que há indícios claros de práticas anticompetitivas. As medidas administrativas e extrajudiciais teriam o objetivo único de inviabilizar os serviços de intermediação de jogos lotéricos. A Febralot também foi incluída no processo.

O superintendente-geral do Cade, Alexandre Barreto de Souza, concordou com as conclusões dos técnicos. Ele abriu o processo administrativo e deu um mês para que a Caixa e a Febralot apresentem suas defesas.