Nas últimas 24 horas, a marca Blaze voltou aos notíciarios em função de uma determinação da justiça para suspensão do site em todo o país. Entretanto, há quem esteja se perguntando o que é o caso Blaze e como a empresa fechou parcerias com Neymar e o Santos.
O presidente do Santos, Reinaldo Rueda, explicou como aconteceu a negociação entre a casa de apostas e o clube praiano em depoimento à CPI das Pirâmides Esportivas, em 22 de agosto.
Rueda declarou que a conversa com o atual patrocinador master do Santos começou com Neymar Pai. O empresário contatou o dirigente e frisou que poderia intermediar um acordo com a Blaze, empresa também parceira do jogador Neymar.
“O contato inicial feito com o Santos, feito comigo, foi com o senhor Neymar pai. Ele tem um relacionamento amistoso com o clube. Ele me ligou falando: “Olha, vocês estão precisando de patrocínio. Eu tenho um patrocínio aqui que está patrocinando meu filho, no caso o Neymar Jr., vocês teriam interesse em conversar com eles?”, disse aos deputados.
As partes fecharam o contrato depois de algumas tratativas. O vínculo foi selado por duas temporadas por cerca de R$ 45 milhões. Conforme a Itatiaia, 25 milhões de reais foram pagos à vista o restante dividido em parcelas mensais R$ 869 mil.

Conforme o presidente do Peixe, os pagamentos estão acontecendo de forma regular. Entretanto, Rueda também informou que a NN Consultoria Esportiva Empresarial LTDA, empresa que tem os pais de Neymar como dono, recebeu comissão no negócio de R$ 4,5 milhões.
Questionado sobre supostas irregularidades envolvendo a casa de apostas, Rueda ressaltou desconhecer qualquer problema e que levaria a questão da CPI até a empresa.
Mas, o que é o caso Blaze?
A explicação sobre o que é o caso Blaze não se restringe a ação tomada pela justiça brasileira nesta segunda-feira. Lembrando que a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) acatou, um pedido da Justiça de São Paulo para tirar do ar o site da casa de apostas em todo o Brasil.
A decisão se baseia em documentação assinada pelo Superintendente de Fiscalização da Anatel, Marcelo Alves da Silva, que determina que o site da Blaze deve ser bloqueado imediatamente.
Entretanto, a Blaze tem recebido denúncias de milhares de pessoas nos últimos meses. A situação foi potencializada após a publicação de um vídeo intitulado “BLAZE – Tire dos pobres e dê para os influenciadores” pelo youtuber Daniel Penin em junho, no qual ele expôs suas investigações sobre a empresa e o mistério em torno do proprietário da Blaze.
O vídeo se propagou pelas redes e motivou diversos usuários a realizarem denúncias contra o site de apostas. Até o momento, a Blaze possuía parcerias com grandes personalidades no Brasil e no mundo, como Neymar, Felipe Neto, Cocielo e diversos outros.
O próprio Felipe Neto, um dos maiores youtubers do Brasil, foi mencionado na polêmica e se posicionou a favor da regulamentação do setor de apostas esportivas. “A única coisa que eu peço é: Brasil, regulamente as casas de apostas e cassinos online. Regulamentem as propagandas, criem regras, coloquem ordem nessa bagunça e coletem dinheiro pro Estado”, disse na ocasião.
“Só isso vai botar um ponto final nessa história, só isso vai trazer as empresas pro Brasil e tirar de paraísos fiscais (pois serão obrigadas pela Lei)”, complementou Felipe Neto. Em resposta a polêmica, a Blaze se posicionou formalmente com a divulgação de uma detalhada nota oficial.
“Blaze.com, seus parceiros e sócios têm sido alvo de várias especulações e alegações em publicações recentes nas redes sociais. A Blaze.com reconhece que estas alegações podem resultar da falta de conhecimento sobre a forma como a Blaze.com conduz suas operações. Queremos abordar algumas questões que surgiram e esperamos fornecer a transparência necessária ao público para mostrar que a Blaze.com é uma operadora honesta e legítima”, consta no comunicado emitido pela Blaze na época.

Denúncias e a CPI das Pirâmides Financeiras
Ainda conforme a Itatiaia, um grupo de residentes em Belo Horizonte alegam um prejuízo de R$ 6 milhões após serem convencidos por uma influenciadora a “investir” pela Blaze. Uma das supostas vítimas alegou ter investido visando obter recursos para arcar com o tratamento do filho.
Por isso, o que é o caso Blaze também está sendo investigado pela CPI das Pirâmides Financeiras (ou CPI dos Criptoativos) na Câmara dos Deputados. Os parlamentares chegaram a convidar os presidentes do Santos e do Atlético Goianiense, times patrocinados pela Blaze, para depor.
Cabe destacar que a CPI apura esquemas de pirâmides financeiras com a utilização de criptomoedas. Segundo a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), ao todo, 11 empresas teriam realizado fraudes utilizando moeda digital, como a divulgação de informações falsas e promessa de rentabilidade alta ou garantida para atrair as vítimas e sustentar o esquema de pirâmide.
A comissão na Câmara foi iniciada em junho e possui quatro meses para encerrar os trabalhos. O presidente da Casa, Arthur Lira declarou recentemente que não pretende prorrogar o trabalho de nenhuma das CPIs em andamento.