Pesquisa revela que brasileiros querem regulação das apostas esportivas

Quatro em cada dez brasileiros afirmam que jogam ou têm alguém em casa que aposta.

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Pesquisa revela que brasileiros querem regulação das apostas esportivas
Imagem: Febraban / Divulgação

A maioria dos brasileiros quer ver os sites de apostas esportivas, conhecidos como bets, regulamentados pelo governo. Uma pesquisa realizada pela Febraban (Federação Brasileira de Bancos) e pela CNF (Confederação Nacional das Instituições Financeiras) mostra que 59% da população apoia uma forte intervenção federal. Outros 19% preferem uma abordagem mais moderada.

Embora as apostas esportivas sejam populares, a confiança nos sites ainda é baixa. Apenas 12% dos entrevistados disseram confiar ou confiar muito nessas plataformas. A maioria esmagadora (84%) admite confiar pouco ou nada.

Com o lançamento do mercado regulado em janeiro, o brasileiro conseguirá diferenciar facilmente uma casa autorizada de uma ilegal. Dessa maneira, a credibilidade no setor tende a subir, enquanto as irregularidades devem perder espaço.

Sites de apostas esportivas precisam ganhar a confiança do público

A pesquisa do Ipespe entrevistou 2.000 pessoas de todas as regiões do Brasil entre 15 e 23 de outubro. Com margem de erro de 2,2 pontos percentuais, os resultados possuem intervalo de confiança de 95,45%.

Quatro em cada dez brasileiros afirmam que jogam ou têm alguém em casa que aposta. Por outro lado, 21% disseram ter abandonado essa prática. Entre os que continuam apostando, 45% relataram que isso impactou negativamente a qualidade de vida pessoal ou familiar.

Entre os apostadores, 24% jogam todos os dias. Outros 18% apostam semanalmente, enquanto 21% apostam duas ou três vezes por semana. Uma parcela de 12% joga entre quatro e seis vezes na semana.

Segundo a pesquisa, 52% dos apostadores gastam entre R$ 30 e R$ 500 por mês. Para 56%, esse dinheiro faz falta no orçamento familiar, e 53% temem se endividar por causa das apostas. Essa realidade tem afetado as prioridades financeiras.

Do total, 41% admitem que o dinheiro usado nas apostas esportivas compromete outras despesas, como alimentos (37%) e contas (36%). Apesar do alto gasto, o retorno financeiro é pequeno. Mais da metade (52%) relatou perder mais do que ganhar. Apenas 44% disseram ter algum lucro.

Regulamentação é um passo essencial

Os sites de apostas estão liberados no Brasil desde 2018, mas seguem sem regras claras. Em 2022, o governo Lula deu início ao processo de regulamentação, prevendo que o mercado esteja totalmente legalizado a partir de janeiro de 2025. Atualmente, somente sites que protocolaram pedido no Ministério da Justiça podem atuar legalmente.

No entanto, a pressão para uma regulação mais rápida cresce. Uma CPI no Senado investiga a atuação das bets no país, enquanto a Febraban alerta sobre os riscos das apostas, especialmente para o mercado de crédito e a economia familiar.

“A pesquisa abre uma enorme lanterna sobre um problema que pode ser diminuído”, avalia Marcelo Garcia, especialista em Políticas Sociais. Ele defende a adoção de medidas preventivas que protejam as famílias e limitem os impactos econômicos e sociais.

Por isso, o governo federal tenta barrar o uso de recursos de programas sociais, como o Bolsa Família, para a prática. Com a regulação no horizonte, o Brasil está diante de uma oportunidade única para estruturar um mercado mais seguro, evitando que as apostas prejudiquem a população.