Em entrevista exclusiva, a iGaming Brazil fala com Rui Magalhães, Diretor Sênior de Negócios, Tecnologia e Operações da Estoril Sol Digital (ESD), a primeira empresa a lançar um cassino online legal em Portugal. A ESD é integrada no grupo Estoril Sol, que opera há mais de 50 anos com seus vários cassinos: Cassino Estoril, Cassino Lisboa e Cassino da Póvoa.
O site da ESConline.pt começou em 2016, quando a lei portuguesa para o Jogo Online entrou em vigor, e é uma marca Estoril Sol Digital, Online Gaming Products and Services, S.A. que, como referido, integra o maior e mais prestigiado grupo de casinos em Portugal, o Grupo Estoril Sol.
Tendo sido o primeiro website a oferecer legalmente jogos de cassino online, esta plataforma disponibiliza os mesmos jogos presentes em qualquer cassino físico em Portugal. A maioria dos jogos disponíveis no ESConline.pt são as slot machines online, blackjack online e roleta online, e a Banca Francesa oferecendo variedade e interação maior que os jogos tradicionais, segundo Rui Magalhães.
Confira a entrevista exclusiva com Rui Magalhães, da Estoril Sol Digital
No ano passado, a empresa foi premiada pela Great Place to Work® como uma das ‘Melhores Empresas para Trabalhar em Portugal’ nas categorias ‘Dimensão menos de 100 colaboradores’ e ‘Ranking Geral’, ao ocupar o 6º e 14º lugares, respetivamente.
iGaming Brazil – Em que data você assumiu a Direção Executiva, Rui Magalhães? Qual era sua relação com o iGaming até esse momento? Acredita que se deve ter certa vocação para esse trabalho?
Rui Magalhães – Comecei a colaborar com o grupo Estoril Sol, neste projeto, em 2014 e estive na equipe que lançou a Estoril Sol Digital em 2015 tendo nesse momento sido convidado para assumir a direção da empresa. Estou ligado à indústria do entretenimento, e do jogo, em particular, desde 2005, altura em que integrei a equipe de Direção do Grupo Estoril Sol, liderando toda a área de tecnologia.
Estive em vários projetos de relevo, como a construção do Cassino Lisboa, bem como todas as remodelações que ocorreram no Cassino Estoril. Tendo vindo da área de telecomunicações, onde trabalhei durante seis anos, foi natural a intercepção entre jogo e internet – iGaming.
Em 2010 fiz o primeiro estudo acadêmico em Portugal sobre Jogo online, que foi o trabalho da minha tese de mestrado, e continuei a estudar a indústria já no meu programa de doutorado. Mantive-me ligado à indústria tendo, em 2013, assumido a Direção de operações, como COO da Mediatech em Madrid, logo após a regulação do mercado em Espanha.
iGaming Brazil – O que mudou no mercado de apostas depois do início da pandemia para a Estoril Sol Digital? Foi melhor ou pior?
Rui Magalhães – A pandemia foi um acontecimento incontornável e creio que todas as indústrias, sem exceção, tiveram que se adaptar. A indústria do jogo não foi exceção e foram muitos os desafios com que tivemos de lidar. Há uma certa relatividade em tentar definir pior ou melhor, já que, de fato não houve opção. Não foi algo que pudéssemos escolher.
Ainda assim, num cenário meramente hipotético, não tenho dúvidas de que a pandemia foi um evento nefasto para a nossa indústria. Criou-se o mito de que houve um crescimento exponencial neste período e o mesmo não corresponde aos fatos. Isto é, é necessário olhar para o mercado antes da pandemia e para os seus crescimentos nos períodos anteriores.
Bem como, entender ainda outras variáveis associadas ao crescimento orgânico do mercado, para além da variável “pandemia”. Mais ainda, se olharmos para o mercado exclusivo das apostas esportivas, então percebemos que, não houve esse crescimento até porque, no primeiro ano de pandemia as competições esportivas estiveram suspensas por vários meses.
De fato, acredito que se não tivesse havido pandemia, dadas as condições econômicas no início de 2020 – pleno emprego, excelentes projeções de crescimento e a natural confiança dos agentes econômicos – caeteris paribus (tudo o resto constante) o mercado teria crescido, eventualmente, mais do que cresceu dadas as tendências de crescimento que vinham dos anos anteriores desde 2016, em particular, os crescimentos observados em 2018 e 2019.
iGaming Brazil – E agora com a aparente tranquilidade dos protocolos e regresso à nossa vida quase normal, como afeta o site de apostas?
Rui Magalhães – Neste momento o desafio é o de uma crise económica profunda, como sequela da pandemia, agravada pela guerra na Ucrânia e a crise energética. A desconfiança numa boa perspetiva econômica retrai os agentes econômicos que, naturalmente, reduzem a sua disponibilidade para gastos com atividades de entretenimento.
iGaming Brazil – Conte-nos como era quando você começou à frente da empresa? Qual era o perfil do jogador /apostador naquele então e como é hoje?
Rui Magalhães – O jogador online é em média cerca de dez anos mais novo que o de cassino físico. Na sua maioria são homens e residentes nos grandes centros urbanos. De referir que o jogo online já existia em Portugal desde 2002, foram necessários 14 anos para que a atividade se tornasse legal. Contudo, já existia um mercado maduro de apostadores e jogadores. Mercado que, naturalmente com a legalização e a democratização do jogo por essa via, tem vindo a aumentar e a ganhar adeptos junto de uma população jovem adulta, mais digital e ligada ao online.
iGaming Brazil – Que medidas de segurança a empresa adota para dar a seus jogadores de forma online?
Rui Magalhães – A segurança dos nossos jogadores é ponto essencial da nossa operação, seja em termos de garantir que todos os jogadores como indivíduos, quer no que concerne a políticas de jogo responsável. A lei e regulamentos portugueses são muito aturados na matéria e a Estoril Sol Digital, cumpre escrupulosamente a lei e os regulamente e vai mais além na adoção das melhores práticas internacionais no que ao jogo seguro e responsável concerne.
iGaming Brazil – A Estoril Sol é uma empresa que no ano passado foi apontada como uma das ‘Melhores Empresas para Trabalhar em Portugal’ nas categorias ‘Dimensão menos de 100 colaboradores’ e ‘Ranking Geral’, ao ocupar o 6º e 14.º lugares respectivamente. A que se deve este prêmio que não é o primeiro?
Rui Magalhães – É um fato. No ano passado, tivemos a honra de ser novamente parte das melhores empresas para trabalhar em Portugal, ao que acresceu também o prêmio liderança do qual muito me orgulho. Creio que foi já o terceiro ano consecutivo em que a Estoril Sol Digital foi brindada com este reconhecimento. Temos sido distinguidos, ao longo dos anos, com outros variados prêmios internacionais, nas mais variadas áreas. Desde o Marketing ao Serviço de Apoio a Clientes passando pela área de Legal e Compliance. Estes prêmios traduzem o reconhecimento da indústria pela cultura, performance, inovação e excelência que a Estoril Sol Digital imprime na sua operação.
iGaming Brazil – Que projetos vocês têm para este ano 2022, e próximo quinquênio? A curto prazo, feiras, eventos, lançamentos?
Rui Magalhães – Acabamos de lançar a oferta de poker e, com a entrada neste segmento, a ESCOnline é o primeiro operador em Portugal a operar três segmentos: Cassino, Apostas Esportivas e Poker. A longo prazo continuamos a trabalhar em projetos que admitam um mercado regulado mais aberto a ofertas como Live-Dealing, Virtuals, eSports, entre outros conteúdos para além da avaliação de mercados onde a marca quer estar presente quando possível.
iGaming Brazil -Como você vê o apostador brasileiro em paralelo ao português? Existe uma diferença de comportamento quanto a volume de apostas, ou algum outro dado relevante?
Rui Magalhães – Não há estudos nem dados que permitam comparar as tipologias dos jogadores no Brasil com outros mercados. Apesar de não termos essa visão micro, há dados que nos dão algumas indicações macroeconômicas e podemos dizer que o segmento das apostas esportivas é aquele que marca a preferência dos brasileiros e dos portugueses. No segmento de Cassino os portugueses têm maior afinidade do que os brasileiros. O segmento de Poker encontra também uma preferência equivalente.

iGaming Brazil – O Brasil está por aprovar a lei que permite a construção de cassinos e o jogo online no país. O que você opina sobre o fato de o Brasil ainda não ter uma lei sobre isso e mais, que o jogo seja proibido aqui? Acredita que seremos beneficiados de que maneira?
Rui Magalhães – Acompanho o tema há mais de cinco anos e entendo que o Brasil teve e tem todas as condições para regular. Contudo, têm sempre havido interesses que, concomitantemente, a algumas ideologias têm conseguido adiar, consecutivamente a legislação e a regulamentação.
Em finais de 2018, foi aprovada no Brasil a lei 13756 que aprovou as Apostas de cota fixa como uma modalidade lotérica. Contudo, passados mais de três anos o Brasil não conseguiu criar uma regulamentação para a aplicação dessa lei. Neste momento com a aprovação, na Câmara de Deputados da PL 442 criou-se um cenário bastante confuso quanto à convivência de ambas as leis.
Detalhes à parte, porque essa seria toda uma outra entrevista, o Brasil, como qualquer outro país, deve compreender três dimensões quando olha para a legislação e regulamentação do mercado de jogo: (1) o primado da proteção do jogador; (2) a dinamização de uma indústria que gera economia em torno do entretenimento e; (3) a arrecadação de impostos provenientes dessa atividade.